Por que nos decepcionamos?

Uma reflexão sobre as nossas expectativas…

Começamos um relacionamento, tudo parecia perfeito. Incrivelmente combinávamos em tudo! Tudo mesmo, sem exagero. O que eu pensava que queria comer, ele sabia. Onde ele pensava que queria ir, eu rapidamente adivinhava.

O tempo foi passando e, um certo dia, como em um passe de mágica, eu percebi que as coisas não eram bem assim. Caiu a ficha de que tínhamos muitas coisas diferentes. Afinal de contas, como eu não percebi que eu queria viajar o mundo e ele não queria nem mudar de bairro? Quantas vezes eu fui para festas que não queria e ele para reuniões de família das quais ele não gostava? Começamos a nos tornar incompatíveis.

“Quem mudou?” “De quem foi a culpa?”

Eu me perguntava. A resposta, todavia, era bem mais complexa do que eu imaginava: ninguém mudou.

Acontece que um pequeno truque da nossa mente, um mecanismo de defesa, atua poderosamente em muitos dos nossos relacionamentos (amorosos ou não). A projeção é responsável por essa “identificação” instantânea e ilusiva que temos com outras pessoas. Colocamos aspectos nossos nelas, positivos ou negativos : “Fulana é muito bagunceira”- diz a irmã em meio a toneladas de roupas acumuladas; “Ciclano se acha muito” – diz o carinha mais metido da escola.

Logicamente, como tudo que acontece em nível inconsciente, nós não temos nem ideia de que estamos caindo nessa cilada. Continuamos vivendo de forma a enxergar o que queremos ou precisamos ver nos outros.

E por que isso uma hora acaba? Não seria maravilhoso poder viver eternamente nessa ilusão?

Quanto menos contato nós temos com a figura, maior é a projeção, claro, pois conhecemos menos aspectos da pessoa em si.  Conforme o nível de intimidade cresce, mais conseguimos diferenciar aspectos daquela pessoa e reconhecer-nos diferente dela.

Para um relacionamento isso pode ser o fim. Ou um belo e lindo começo do apaixonamento por aquele que a pessoa realmente é. Afinal de contas, ter um namoro com o espelho pode ser lindo, mas não é o que nos completa.

 

(Este é um texto de um dos colaboradores. Os comentários, opiniões e colocações são de inteira responsabilidade do autor. Não necessariamente refletem a opinião deste blog)

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